Nove em cada dez brasileiros querem a manutenção do auxílio emergencial. Para 53% das pessoas, o benefício deveria ser mantido com o valor de 600 reais por mês. Outros 37% consideram que o auxílio deve continuar, mas com redução do valor.
Os dados fazem parte de uma pesquisa exclusiva da plataforma Exame/IDEI
A, projeto que será lançado nos próximos dias que une Exame Rese
arch, braço de análise de investimentos de Exame, e o IDEIA, instituto 
de pesquisa especializado em opinião pública.
O levantamento foi realizado com 1.235 pessoas, por telefone, em to
das as regiões do país, entre os dias 24 e 31 de agosto. A margem de e
rro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.
Apesar do desejo da maioria de manutenção do valor de 600 reais, o pre
sidente Jair Bolsonaro anunciu nesta terça-feira, 1 de setembro, a redu
ção do auxílio emergencial para 300 reais por mês. Serão pagas mais qu
atro parcelas com o novo valor.
A prorrogação do valor de 600 reais é percebida de formas diferentes na
 população brasileira. Entre os que completaram apenas o ensino fundam
ental, esse índice é maior que a média geral: 59% responderam que o be
nefício deveria ser mantido no patamar original.
Essa perspectiva não muda muito nem mesmo entre a faixa da pop
ulação que completou o nível superior e pertence às classes sociais 
mais favorecidas — 42% das pessoas que pertencem a esse estrato d
esejam a manutenção dos 600 reais.
O auxílio fez diferença na vida de muita gente. “Essa iniciativa do govern
o foi importante para manter a economia funcionando”, diz Maurício Mour
a, fundador do IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opini
ão, e professor da George Washington University na área de políticas púb
licas
Na região Nordestes, 59% dos moradores também gostariam que deve
ria continuar na casa de 600 reais, enquanto no sul, uma região mais r
ica, apenas 36% das pessoas fizeram a mesma afirmação.
A pesquisa também perguntou qual seria a reação em caso de redução do 
valor. Para 48% dos ouvidos, um corte no valor é ruim mas aceitável, um
a vez que os efeitos da crise causada pela pandemia devem permanecer p
or mais tempo. Para 23% das pessoas, a redução do valor é inaceitável.
O governo pretende lançar nos próximos dias o programa Renda Brasil, pl
anejado para turbinar o Bolsa Família. Para 30% das pessoas, é comp
reensível que o Renda Brasil distribua menos de 600 reais mensais, pois 
o pior da pandemia já passou.
Quadro pesquisa auxílio emergencial
A maioria (66%) dos brasileiros que recebeu a ajuda de 600 reais gastou
 tudo ou pelo menos uma parte do recurso com produtos de consumo pess
oal e da família, o que ajudou a economia a respirar. Outros 24% aproveit
aram para pagar dívidas. Nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, ess
a foi a opção de 28% dos consumidores.
Quem ganha mais foi capaz de quitar mais as pendências financeiras —
 46% das famílias com renda mensal de mais de cinco salários 
mínimos aproveitou o auxílio emergencial para fazer frente ao pagamento 
de dívidas.
“A resposta do auxílio emergencial dialoga com o que está acontecendo
 no mundo, com a população entendendo que os mecanismos espec
iais para a economia foram elaborados para salvar os países durante a cris
e do coronavírus”, diz Moura.
O auxílio emergencial de 600 reais alcançou 66 milhões de brasileiros, que 
receberam, no total, mais de 160 bilhões de reais. Mais de 36 milhões
 de trabalhadores informais tiveram acesso a 73 bilhões de reais. “A pe
rda econômica para o país causada pela pandemia poderia ter sido m
uito pior não fosse o auxílio emergencial”, diz Moura.