Maioria dos deputados paraibanos votou para salvar a pele de Temer
Com a decisão da Câmara dos Deputados, ação penal ficará “congelada” até o fim do mandato do presidente
Não houve surpresa e também não faria diferença no placar final. A maioria dos deputados federais paraibanos votou pela não admissibilidade do processo contra o presidente Michel Temer (PMDB). O placar, se forem considerados apenas os paraibanos, seria de seis votos pró e cinco contra o gestor, além de uma ausência. O presidente é acusado de prática de corrupção passiva pelo Ministério Público Federal (MPF). O gestor é apontado pela Procuradoria-Geral da República como destinatário da maleta com os R$ 500 mil recebidos pelo ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) da JBS. Temer também foi gravado em conversa com o empresário Joesley Batista, quando se falou sobre a compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB) e do doleiro Lúcio Funaro.
Durante a sessão, o voto ‘sim’ era pela concordância com o relatório aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. O ‘não’ seria pelo seguimento da denúncia. O voto decisivo para salvar a pele de Temer, o de número 171, foi da deputada Rosângela Gomes (PRB-RJ). Quando o primeiro parlamentar paraibano foi chamado a votar, o placar já dava larga vantagem à não admissibilidade da denúncia. Votaram a favor do relatório do deputado mineiro Paulo Abi-Ackel (PSDB), os peemedebistas André Amaral e Hugo Motta, além do líder do governo na Câmara dos Deputados, Aguinaldo Ribeiro (PP); do líder do DEM na Casa, Efraim Filho, e dos deputados Benjamin Maranhão (SD) e Rômulo Gouveia (PSD).
No sentido contrário, entre os paraibanos, estavam os deputados Luiz Couto (PT), Pedro Cunha Lima (PSDB), Veneziano Vital do Rêgo (PMDB), Wellington Roberto, e Damião Feliciano (PDT). O pedetista, vale ressaltar, deu a entender no seu discurso que votava contra o relatório de Abi-Ackel e, portanto, contra Temer, simplesmente por conta da orientação partidária. Outro que surpreendeu foi o deputado Wellington Roberto (PR). O parlamentar contrariou a orientação do seu partido e ainda se disse contra a reforma da previdência, proposta por Temer. O único ausente na sessão foi o deputado Wilson Filho (PTB). O parlamentar não justificou a ausência durante a votação. No caso do petebista, a ausência dele é contabilizada como apoio ao presidente.
A votação acabou perto das 22h, com a proclamação do resultado. Do sistema de som, o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM), anunciou os 263 votos pelo sim, 227 votos pelo não, além de 2 abstenções. Pelo menos 19 parlamentares faltaram à sessão. O resultado somado é de 511 votos, dois a menos que o total de parlamentares da Câmara. Com a decisão, não será dada autorização para que o Supremo Tribunal Federal (STF) abra o processo criminal contra o presidente. Temer foi o primeiro gestor na história do país a ser alvo de uma ação criminal durante o mandato.
Sem família no discurso
Ao contrário da votação pela admissibilidade do impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), a família foi retirada dos discursos desta vez. Até mesmo a deputada mineira Raquel Muniz (PSD) mudou de discurso. Apesar do “sim, sim, sim” para salvar Temer, ela não fez mais referência à honestidade do marido, ex-prefeito de Montes Claros (MG). Em 2016, na semana seguinte após o voto conta Dilma e um discurso severo contra a corrupção, o marido dela foi preso pela Polícia Federal sob acusação de improbidade. O tom usado majoritariamente nesta quarta para justificar o voto pela não admissibilidade do processo foi o de que o presidente poderá responder à Justiça após o fim do mandato, em 1° de janeiro de 2019.
Veja como votaram os paraibanos:
Contra a admissibilidade da denúncia
André Amaral (PMDB)
Hugo Motta (PMDB)
Aguinaldo Ribeiro (PP)
Efraim Filho (DEM)
Benjamin Maranhão (SD)
Rômulo Gouveia (PSD)
Hugo Motta (PMDB)
Aguinaldo Ribeiro (PP)
Efraim Filho (DEM)
Benjamin Maranhão (SD)
Rômulo Gouveia (PSD)
A favor da admissibilidade da denúncia
Luiz Couto (PT)
Pedro Cunha Lima (PSDB)
Veneziano Vitaldo Rêgo (PMDB)
Damião Feliciano (PDT)
Wellington Roberto (PR)
Pedro Cunha Lima (PSDB)
Veneziano Vitaldo Rêgo (PMDB)
Damião Feliciano (PDT)
Wellington Roberto (PR)
Não compareceu à votação
Wilson Filho (PTB)
G2RV.